É comum falarmos que a vida é uma “coleção de momentos”. Você já deve ter ouvido também uma adaptação desta frase utilizando o termo “experiência”, como se a vida fosse um acúmulo de momentos que lhe trazem algum tipo de vivência para se lembrar ou para lhe preparar para algo vindouro. Sem fazer nenhum juízo de valor a respeito, até porque este não é o nosso objetivo aqui, se considerarmos tais frases como verdadeiras, como uma forma de representar uma das facetas da vida, podemos também nos permitir aderir ao clichê que a vida seria um “acúmulo de XP”.
Pronto. Daqui partimos para a reflexão!
Na nossa vida os XPs acumulados se dão através de uma infinita diversidade de momentos que envolvem relações interpessoais, aprendizado, exercícios físicos e esportes, lazer, atividades de trabalho, leitura, cuidado e convívio com os animais, refeições, dança, arte, jogos analógicos ou digitais, cultivo, enfim, os momentos nos quais podemos nos referir como “acúmulo de XP” são infinitos. E isso somente pontuando de forma geral.
Agora se levarmos esta ideia para a forma como a grande maioria dos jogos propõe o acúmulo de experiência de suas personagens nós podemos claramente perceber uma dissonância. Os jogos medievais fantásticos mais clássicos ainda são muito apegados à ideia de “destruir monstros” para ganhar XP. Há variações, claro. Você deve estar pensando: “mas no meu jogo favorito tem o rodapé da regra que permite XP por gold, por descoberta, por Milestones, por marcos conquistado, entre outros”. Sim, sim, também os conheço e os admiro. Sabemos que é um jogo e que faz todo o sentido manter o RPG como “um jogo”, pois é isso que ele é. E talvez uma mecânica simples de evoluir suas personagens já seja suficiente para este “jogo”. E tudo bem! A intenção aqui NÃO é criticá-los, longe disso. É somente uma reflexão para talvez nós nos aproveitarmos da famigerada Regra de Ouro que todos os RPGs trazem e de repente propor em nossas mesas um “acúmulo de experiência” mais próximo do que temos no mundo real.
Por que, por exemplo, não acumular XP por ter preparado uma refeição para o grupo durante o descanso longo? Ou talvez por ter lido um pergaminho para copiá-lo para seu grimório. E olha que curioso: há versões do D&D por exemplo em que “criar pergaminhos” consome XP da personagem. Não deveria ser o contrário?
Particularmente em nossas mesas gostamos de proporcionar XP por elementos diversos. Em especial fazemos isso inclusive em jogos mais antigos que não trazem a regra opcional do XP por feitos, descobertas ou marcos. Claro, a gente sempre combina com a mesa. Pior que não dar XP por conquistas narrativas é arbitrar uma regra sem consenso de todos os envolvidos.
Bom pessoal, esta é a reflexão. E você, como costuma fazer a distribuição de XP em suas mesas? Conte pra gente nas redes sociais do Flecha. Um abraço a todos!
Tenho pensado mais no assunto desde que resolvevi escrever o BALA. Abomino o XP por ouro, pois bilionário não é sinônimo de experiente. Gosto da indicação de distribuição do GURPS e do 3DeT, mas com os apontamentos feitos por você, penso em ampliar esse leque. De repente escrevo algo sobre.